NOBEL
Alfred Nobel: o criador do Prêmio
Alfred Nobel: o criador do Prêmio índice
Por Dov Greenberg em www.chabad.org - diretor executivo de Chabad na Stanford University
O conjunto de prêmios mais famoso do mundo é
o Prêmio Nobel. Concedido para a mais destacada realização nas áreas de
literatura, paz, economia, medicina e ciências, eles foram criados há um século
por Alfred B. Nobel (1833-1896), um homem que fez fortuna produzindo explosivos;
entre outras coisas, Nobel inventou a dinamite.
O que motivou este sueco
fabricante de munições a dedicar sua fortuna a homenagear e recompensar aqueles
que beneficiaram a humanidade?
A imortalidade não está no tempo que você viveu, mas sim em como você viveu.
A criação dos Prêmios Nobel
ocorreu por um acaso. Quando faleceu o irmão de Nobel, um jornal publicou um
longo obituário de Alfred Nobel, por engano, acreditando que fora ele a falecer.
Assim, Nobel teve uma oportunidade concedida a poucas pessoas: ler seu próprio
obituário ainda em vida. Aquilo que ele leu o horrorizou: o jornal o descreveu
como um homem que tornara possível matar mais pessoas, mais rapidamente, que
qualquer outro que jamais tinha vivido.
Naquele momento, Nobel percebeu
duas coisas: que ele seria lembrado daquela maneira, e que não era assim que ele
desejava ser lembrado. Pouco depois, ele estabeleceu os prêmios. Hoje, devido ao
que ele fez, todos estão familiarizados com o Prêmio Nobel, ao passo que
relativamente poucos sabem como ele construiu sua fortuna. O personagem de
Shakespeare, Marco Antônio, estava errado: o bem que fazemos permanece vivo
depois que deixamos este mundo. Para a maioria de nós, é o legado mais
importante que deixamos para trás.
Pensar sobre como seria o próprio
obituário pode motivar alguém a repensar como está passando sua vida. Nenhum
panegírico jamais disse como a pessoa se vestiu bem, viveu de maneira
extravagante, teve férias fabulosas, dirigiu um carro caríssimo, ou construiu a
casa mais luxuosa. Nunca ouvi alguém sendo elogiado por ser tão ocupado no
trabalho que não achava tempo para estar com os filhos. Um telefonema para
alguém que está solitário; um ouvido atento a uma pessoa com problemas; longas
caminhadas com nossos filhos, dizer muito obrigado ao cônjuge e a D'us, cumprir
mitsvot (atos de bondade e santidade) - estes são a própria essência da
vida!
As pessoas mais pranteadas não são as mais ricas ou mais famosas, ou as
mais bem-sucedidas. São as pessoas que enriqueceram a vida de outros. Foram
bondosas. Foram carinhosas. Tinham um senso de responsabilidade. Sempre que
podiam, doavam a causas de caridade. Se não podiam dar dinheiro, davam seu
tempo. Eram amigos leais e membros engajados na comunidade. Foram pessoas com as
quais se podia contar.
Há uma bonita história sobre o notável anglo-judeu
vitoriano, Sir Moses Montefiore. Ele foi uma das figuras mais destacadas no
século dezenove. Amigo da Rainha Vitória e feito cavaleiro por ela, ele se
tornou o primeiro judeu a atingir um alto posto na cidade de Londres. Sua
filantropia se estendia da mesma forma a judeus e a não-judeus, e em seu
centésimo aniversário, o jornal London Times devotou editoriais para elogiá-lo.
"Ele demonstrou" - disse o Times - "que o ardente Judaísmo e patriótica
cidadania são absolutamente consistentes um com o outro."
As pessoas mais pranteadas não são as mais ricas, famosas, ou as mais bem-sucedidas; são as pessoas que enriqueceram a vida de outros.
Uma reflexão foi
especialmente tocante: Alguém lhe perguntou: "Sir Moses, qual é o seu valor?"
Moses pensou por um instante e declarou um número. "Mas certamente" - disse o
questionador - "sua riqueza deve ser muito maior que isso." Com um sorriso, Sir
Moses respondeu: "Você não perguntou quanto eu possuo. Perguntou quanto eu
valho. Portanto, calculei quanto eu doei para caridade este ano."
"Veja"
- continuou ele - "você vale aquilo que está disposto a partilhar com os
outros."
Em 1798, o grande líder chassídico, Rabi Shneur Zalman de Liadi, foi
preso por divulgar a fé religiosa (considerado ato de subversão) entre a
população judaica. Enquanto ele estava na prisão aguardando julgamento, o
carcereiro, certo de estar na presença de um homem sagrado, fez-lhe uma pergunta
que há muito o atormentava: "Lemos no Livro de Bereshit que quando Adam e Eva
pecaram, eles se esconderam entre as árvores no Jardim do Éden, e D'us os
chamou: 'Onde estão vocês?' O que desejo saber é isto: Se D'us sabe e vê tudo,
certamente sabia onde eles estavam. Por que Ele precisou perguntar 'Onde estão
vocês?'"
O Rebe respondeu: "As palavras da Torá não falavam apenas sobre
aquele momento, mas por todo o tempo. Assim é com a pergunta que D'us fez a Adam
e Eva. Não era dirigida apenas a eles, mas a cada um de nós em toda geração. Nós
desperdiçamos nossos dias e noites com objetivos temporários, artificiais; somos
consumidos pela auto-preservação e nossos prazeres, acreditamos que podemos nos
esconder das conseqüências. Porém sempre, depois que perdemos nosso rumo,
ouvimos a voz de D'us em nosso coração, perguntando: Onde está você?
O
que fez com a sua vida? Eu lhe dei uma certa quantidade de anos; como você os
está usando?"
No romance de Herman Wouk sobre a Segunda Guerra Mundial, O
Motim do Caine, o personagem principal está servindo na Marinha quando recebe
uma carta do pai, que está para morrer de câncer. Refletindo sobre a própria
vida, na qual ele conseguiu muito menos do que tinha sonhado quando jovem, ele
adverte o filho: "Lembre-se disso: Não há nada, nada, nada mais precioso que o
tempo. Você provavelmente sente que tem um suprimento interminável, mas não tem.
Horas desperdiçadas destroem sua vida tanto no início quanto no fim, só que no
fim isso fica mais óbvio."
D'us decide quanto tempo vai durar nosso
capítulo na terra; cabe a nós tornar cada parágrafo e cada frase com um sentido.
A imortalidade não está no tempo que você viveu, mas sim em como você viveu.
Todo dia é um presente de D'us, e devemos usá-lo plenamente - para celebrar a
vida e nos tornarmos uma bênção para os que nos cercam.
Se, D'us não o
permita, você tivesse de deixar este mundo amanhã, o que diria o seu obituário?
Aquilo realmente que você gostaria que ele dissesse.