LITERATURA DE SABEDORIA

LITERATURA DE SABEDORIA E
OUTRAS FORMAS LITERÁRIAS

A. MENES
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Lugar de destaque ocupa na Bíblia a literatura de sabedoria. Os sábios são em regra conselheiros, educadores de moral. Mas, em contraste com os profetas, a maioria dos sábios não são portadores de idéias novas, senão adeptos dos princípios morais conservadores da classe média, da cidade e do campo. É geralmente a moral do "áureo caminho médio", que se prega na antiga literatura de sabedoria (Provérbios, Ben-Sira). Na maior parte usa-se a forma do breve e conciso adágio, e por vezes, o sapiente mestre expõe os seus pensamentos numa preleção mais extensa. Nos tempos remotos encontramos os sábios nos palácios reais. Mais tarde, o ensino da sabedoria, isto é, as corretas normas de vida e as boas maneiras, tornam-se assunto popular. Os sábios fazem-se mestres do povo, apresentam-se em público, nos mercados, nas praças públicas e às portas da cidade: "A suprema sabedoria altamente clama fora: pelas ruas levanta sua voz".

A literatura de sabedoria é, por sua própria natureza, universal, e os ensinadores erravam de cidade em cidade, de país em país (Ben-Sira), motivo por que tanto se nota na literatura bíblica de sabedoria a influência das culturas estrangeiras. Sabemos hoje que os autores dos Provérbios utilizavam-se em parte de fontes egípcias. As escavações de Elefantina demonstraram que os colonos judaicos do sul do Egito liam os "Provérbios de Achicar", procedentes sem dúvida de um ambiente cultural não judaico.

Por outro lado, a serena narrativa épica é relativamente pouco representada na literatura bíblica. O próprio conto idílico de Ruth, a única narrativa, em que se descreve amplamente a vida rural judaica, constitui um escrito tendencioso.

Deve-se, porém, confessar que o artista revelou ali a capacidade de ocultar a tendência e logrou produzir uma verdadeira obra de arte. O que falta absolutamente na Bíblia é o drama.

É inteiramente falso considerar, como o fazem alguns eruditos, obra dramática o Cântico dos Cânticos, onde não há nem sequer vestígios de ação dramática. A ausência da forma dramática na literatura bíblica relaciona-se, certamente, em parte, com a carência de tradições mitológicas.

Como é sabido, as representações dramáticas, nos tempos antigos, ligavam-se, na maioria dos casos, aos acontecimentos no mundo dos deuses. Por outro lado, é fortemente representada na literatura bíblica a disputa, o diálogo. (A disputa entre Deus e o povo, entre Deus e o profeta, entre Job e seus amigos).

Possuímos, portanto, nos remanescentes da antiga literatura judaica, testemunhas de uma vida espiritual amplamente ramificada no antigo Israel.

Alguns dos mais importantes ramos da literatura bíblica como sejam os livros dos profetas, as narrativas do Pentateuco, e a lírica religiosa, temos aqui mencionado só brevemente em virtude de ainda havermos de abordá-los de uma maneira mais extensa nos capítulos que se seguem.

Os poetas, cantores e escritores bíblicos pertenciam às mais variadas rodas do povo: Sacerdotes e levitas (mormente na época do Segundo Templo, quando existiam no templo famílias inteiras de bardos), membros de famílias aristocráticas (como o profeta Isaias e, sem dúvida, também o autor da história de Davi) e homens comuns do povo (como o pastor Amós).

Também é variado o caráter das criações literárias: canções eróticas, canções de vinho, amplas dissertações históricas e filosóficas, lírica religiosa, livros de sabedoria e assim por diante.

Para que possamos ter uma idéia mais concreta acerca das raízes psicológicas da literatura bíblica, é mister termos em mente que o povo tomava parte ativíssima nas mais variegadas formas da vida "literária". Sobremaneira ilustrativa neste ponto é a lírica religiosa.

As canções religiosas foram entoadas não apenas pelos cantores do Templo, como também pela assistência, e muitas vezes só mesmo pelos fiéis. O "Emissário da Comunidade" (o oficiante) nunca substituía totalmente os seus representantes. Os primeiros vestígios dos cantos respondíveis já encontramos nos Salmos; as orações são cantadas, em parte pelo coro e em parte pela congregação. O canto respondível foi também posteriormente aceito pela igreja cristã, mas ali a congregação não tomava parte tão ativa como entre os judeus.

A comunidade popular, e depois as comunidades religiosas, foram as que criaram a atmosfera, onde florescia a antiga literatura judaica.

FONTES JUDAICAS -  ORGANIZADOR PROF MARCIO RUBEN
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