LITERATURA DE CÔRTE

Literatura de Côrte

LITERATURA DE CÔRTE 

Não menos importante para a formação de um estilo artístico, e muitas vezes também artificialmente perifrástico, era a côrte do rei e do príncipe. Nas cartas e petições ao monarca rende-se em primeiro lugar a devida homenagem ao monarca e não raro empregam-se a seu respeito frases que geralmente se usam nas preces a Deus. A escrita deve impressionar - e portanto o escrever na antiguidade não constituía simples ofício, senão uma grande arte.

O termo "Sofer", em hebraico, significa ao mesmo tempo secretário e escritor - "homem de letras".

Quando um poeta quer elogiar a sua arte, diz: "Minha língua é como a pena de um escritor ágil". Na côrte real cultiva-se especialmente a poesia; duma refeição real também fazem parte a música e o canto. No rol dos "presentes" e reféns, que o rei Ezequias enviara para o rei da Assíria, também se mencionam cantores e cantoras. Os poetas do palácio naturalmente decantam em primeiro lugar a grandeza da dinastia e os feitos heróicos do monarca.

Algumas canções régias, que nos dão uma idéia sobre a poesia de côrte no antigo Israel, até foram preservadas na Bíblia. (Salmos, caps. 2, 21, 45, 72, etc.). O capítulo 2 de Salmos, foi, pelo que parece, especialmente criado para a coroação de um novo soberano. O rei é aqui apresentado, a antigo exemplo oriental, como filho de Deus, destinado a tornar-se o soberano do mundo: "O senhor me disse: Tu és meu filho, eu hoje te gerei. Pede-me e eu te darei as nações por herança, e os fins da terra por tua possessão". No salmo 45, saúda o poeta o jovem par real por ocasião do seu casamento. Uma noção do ideal popular de um rei fornece-nos a canção real do salmo 2, 72:

"Ó Deus, dá ao rei os teus juízos, e a tua justiça ao filho do rei. Ele julgará ao teu povo com justiça, e aos teus pobres com juízo. Dominará de mar a mar, e desde o rio até às extremidades da terra. Aqueles que habitam no deserto se inclinarão ante ele, e os seus inimigos lamberão o pó".

Aparentemente aqui também estamos diante de uma canção produzida em homenagem à coroação de um novo soberano.

Da côrte real chega o estilo mais refinado ao povo. Dessa maneira o surgimento da monarquia deu impulso à literatura hebréia, e daí o fato das gerações posteriores terem atribuído tudo, que se relaciona com sabedoria e poesia, aos soberanos judeus mais afamados, Davi e Salomão.

O respeito pelo patrimônio literário ainda era bem pouco desenvolvido na antiguidade, e tudo aquilo que os trovadores e poetas produziram, não só em Israel, como também nos outros países orientais, tem ido por conta dos monarcas.

Também na vida quotidiana toma o povo da côrte as suas "cortesias". Assim, por exemplo, cumprimenta Abraão seus hóspedes nos seguintes termos: "Meu senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo".

Nas canções de bodas, o noivo é cantado como príncipe e a noiva, como princesa. Em geral, porém, ficou muito pouco desse gênero literário no antigo Israel. Os profetas e seus discípulos, como é sabido, faziam forte oposição à monarquia e era, portanto, natural que cantigas tais, em que o rei é exaltado como filho carnal de Deus, não fossem muito de seu agrado. Neste particular são muito instrutivas as partes históricas da Bíblia, onde há completa ausência de relatórios régios, nos antigos moldes orientais, em que o rei relata e perpetua para as gerações futuras os seus feitos e as suas vitórias.


FONTES JUDAICAS -  ORGANIZADOR PROF MARCIO RUBEN
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