LITERATURA HISTÓRICA E POLÍTICA

Literatura Histórica e Política

LITERATURA HISTÓRICA E POLÍTICA

Os livros históricos, aos quais também pertence o Pentateuco, formam a espinha dorsal da literatura bíblica, e também em quantidade ocupam quase a metade das Escrituras. O amplo interesse pela história do povo é característico até dos demais livros bíblicos, como sejam os Profetas, parte dos Salmos e outros.

A historiografia bíblica, porém, destaca-se não somente pela quantidade de espaço que toma na criação literária de Israel e Judá, como também pela sua qualidade. Um dos melhores pesquisadores da literatura bíblica, Herman Gunkel, já observou a este respeito com acerto: "A historiografia bíblica não tem similar em todo o Oriente velho. O segredo deste feito singular de Israel consiste em que, além de seu excepcional pendor para a arte da palavra, jamais o seu povo, na sua melhor época, suportara o jugo dos déspotas e o domínio sacerdotal". A historiografia bíblica, em sua grande maioria, está isenta das tendências dinásticas, apesar de não lhe serem, de maneira alguma, indiferentes os problemas da vida social e política.

As narrativas de Il Samuel acerca do reinado de Davi, dão-nos uma viva imagem das condições gerais em Israel, naquela época. Também os personagens isolados são aí desenhados com realismo extraordinário; são gente em carne e osso. Na descrição do levante de Absalão, nem há vestígio de alguma intervenção sobrenatural. Essas narrativas, bem como muitas passagens do livro de Reis, podem ser colocadas no mesmo nível com os melhores modelos da historiografia grega, e ainda surpreender o leitor moderno pelo seu senso realístico em face dos problemas da história e da política.

Exemplo de literatura de propaganda puramente política fornece-nos a parábola de Jotam (Juízes 9); As árvores foram eleger um rei sobre si. Oferecem o reino a oliveira mas ela não aceita a coroa. "Deixaria eu a minha gordura, que Deus e os homens em mim prezam, e iria a labutar sobre as árvores?" A mesma resposta dão a figueira e a videira. Não tendo outra alternativa, as árvores dirigem-se ao espinheiro. O inútil do espinheiro aceita a coroa e torna-se rei sobre as árvores.

A moral está evidente: Só um vadio presta-se para rei.

A literatura bíblica é, pela sua prórpia natureza, uma literatura nacional. Não só os autores dos livros históricos, senão também os profetas e os poetas religiosos, têm sempre em mira o povo todo. Mesmo quando os legisladores falam ao indivíduo, eles pensam no povo todo, e repetidas vezes a ele se dirigem diretamente, no plural e no singular (Ouve, Israel).

Uma exceção neste sentido abrem apenas os livros de sabedoria, como sejam: Provérbios, Job, Eclesiastes, os quais visam de preferência o indivíduo.

A preocupação com o destino do povo, o interesse pelo passado da nação, o senso de responsabilidade nacional, a tal ponto dominam toda a literatura bíblica que, muitas vezes, os autores apresentam a coletividade nacional não em acepção abstrata senão como personagem real e viva.

Os profetas usam freqüentemente as expressões "filha de Israel", "filha de Sion", "Israel", e semelhantes. Oseas e Jeremias imaginam as relações entre povo e Deus tal como entre marido e esposa. Esta sublimada idéia nacional dos profetas enquadra-se dentro da concepção do Monoteísmo ético, que é universal em sua essência.

As lutas políticas e religiosas em Israel introduziram um tom novo na literatura bíblica, o qual encontrou a sua maior expressão nas "palavras" dos profetas. Conduz isso à formação de um estilo retórico - propagandista. Para tanto, era necessário uma dose mínima de liberdade política e uma certa independência para com a tradição.

FONTES JUDAICAS -  ORGANIZADOR PROF MARCIO RUBEN
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